Sob a invocação de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da
vila, data do início do século XV, constituindo-se numa das igrejas mais
antigas do arquipélago. É largamente referida por Gaspar Frutuoso e,
modernamente, a sua história encontra-se em trabalho do Dr. Manuel Monteiro
Velho Arruda.2 Foi cabeça da Comenda de Nossa Senhora da Assunção.
Foram seus benfeitores João Tomé, o "Amo" e o
Ouvidor Rui Fernandes, escudeiros do capitão do donatário e vereadores da
municipalidade, nomeados por Gaspar Frutuoso como "lavradores e homens
principais da terra". As suas obras foram iniciadas em 1439, a cargo do
pedreiro Estevão Ponte e do carpinteiro João Roiz (Rodrigues). Frutuoso informa
que o primeiro arrematou a obra por trezentos mil-réis, e Roiz, de Vila Franca
do Campo, terá recebido "de noventa a cem mil-réis". Primitivamente a
igreja só dispunha de uma porta no frontespicio. Em meados do século XVI já
possuía sete confrarias. Frutuoso assim a descreveu:
"A igreja principal é da invocação da Assunção de Nossa
Senhora (por se achar no mesmo dia a Ilha), de naves, com quatro pilares em
vão, e muito bem assombrada, com um Altar do apóstolo São Matias, que é o
padroeiro de toda a Ilha, da banda do evangelho, e outro de Nossa Senhora do
Rosário, da parte da epístola. Tem também duas capelas, uma da banda do sul,
que mandou fazer Duarte Nunes Velho, com altar de Jesus; a outra, de Rui
Fernandes de Alpoim, com o altar de Santa Catarina."
Por determinação de Filipe II de Portugal, o exclusivo do
púlpito desta igreja foi dado aos franciscanos da vila. O pregador do Convento
da Igreja de Nossa Senhora da Vitória tinha a obrigação de fazer 24 sermões por
ano naquele púlpito, recebendo, por isso, três moios de trigo e 10$000 réis em
espécie. O corpo eclesiástico de que dispunha era muito numeroso, recebendo
bons proventos no século XVIII.
A igreja foi profanada e destruída por corsários franceses
(agosto de 1576) e ingleses (1599), tendo sido incendiada por piratas da
Barbária em 1616.7 Nesta última terá servido como mesquita.
Foi reparada pela
Câmara Municipal em 1630, mas faltaram, à época, recursos para a telha.
Após
vários apelos ao soberano, apenas em 1659 um pequeno auxilio foi conseguido. A
imagem da Virgem foi devolvida ao seu nicho, ao centro do altar-mor em 1674,
por iniciativa do então bispo da Diocese de Angra, D. Lourenço de Castro.
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