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Produção e concepção: João Manuel Alves/ Tecnologia Blogger

domingo, 15 de setembro de 2013

Ermida de N.Senhora dos Anjos (Vila do Porto-S. Maria)



Embora não se saiba positivamente a invocação e nem o local do primeiro templo levantado em Santa Maria pelos primeiros colonizadores, o estudo da difusão do povoamento nas primeiras décadas e a comparação com as primeiras narrativas sobre esse povoamento, permitem aceitar que a Ermida dos Anjos tenha sido esse templo . Será, assim, a mais antiga da ilha e do arquipélago açoriano.

Erguida ainda em 1439, primitivamente em madeira com cobertura de palha, foi reerguida em alvenaria de pedra entre 1460 e 1474.

É referida no testamento do Infante D. Henrique: "Item ordenei e estabeleci (...) a igreja de santa Maria na ilha de santa Maria."

Nela terão cumprido o voto de ouvir missa em Acção de Graças, em 19 de Fevereiro de 1493 os marinheiros de Cristóvão Colombo no regresso da viagem de descobrimento da América.

Encontra-se indicada no "Mapa dos Açores" (Luís Teixeira, c. 1584) como "Perochia de S. Siria", e, em mapas posteriores nele baseados, a toponímia "Parochia de Santa Eria". Uma possível explicação ligará a devoção a Santa Iria, natural de Tomar, à Ordem de Cristo, que nessa cidade tinha a sua sede, chefiada pelo Infante D. Henrique com o título de "Regedor e Governador da Ordem de Cavalaria do Mestrado de Nosso Senhor Jesus Cristo". À Ordem pertencia também Gonçalo Velho Cabral, primeiro capitão do donatário.

A principal fonte sobre a ermida é um documento de autoria do padre Francisco da Cunha Prestes, licenciado no Curso Geral de Teologia na Universidade de Évora de 1650 a 1653,4vigário da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção de Vila do Porto, o manuscrito "Livro da Irmandade de Nossa Senhora dos Anjos e Escravos da Cadeinha" (1676) que pertencia ao arquivo da Matriz de Vila do Porto:
"Esta ermida de Nossa Senhora dos Anjos fundou hua m.er natural do Reyno por nome Izabel Glz. [Isabel Gonçalves] m.er de Thome Afonso natural do Algarve. Pediu este citio a D. Beatriz [Godin, primeira] m.er do [2º] Cap. Donatario [(João Soares de Albergaria)] a qual lhe deu tres alqueires de terra em q. se fundou a dita ermida por outros tres q. a dita Izabel Glz. lhe deu em sima da rocha os quais três alqueires em q. está a ermida deixou para o ermitão que a limpasse. O anno em q. foi feita esta fundação não se acha noticia certa por averem passado m.tos e porq. com a entrada dos mouros q. no anno de 1616 saquearão esta ilha levando muita gente cativa fiarão sepultadas as noticias q. disto podia aver. Sabe-se q. escapou esta ermida dos mouros e he tradição certa q. a não virão andando perto dela como também se presume q. a não virã o anno de 1675, pois entrando de assalto neste citio por descuido dos guardas a noute do pr.º de Setembro levando destas casinhas vesinhas da ermida onze pessoas entre molheres e meninos e juntamente saqueando as não tocarão na ermida q. se por tal a conhesserão ao menos não escapava de ser saqueada e se presumirão ser caza de moradores pr.º avião fazer entrada nela que nos palheiros de onde tirarão a gente e sua pobreza. Esteve esta ermida sem forma de adro até o anno de 1674 dentro nela não avia mais q. hum retabolo antígo q. se fechava com duas portas, estando e costado na parede e chegava a pregar na tacanissa o qual agora está ensserido no meio do retabolo."

A referida Dona Beatriz (Brites) Godin faleceu por volta de 1492-1493, época em que se encontrava com o marido no Continente, e em que Cristóvão Colombo enviou os seus marinheiros a terra para assistir missa em Fevereiro de 1493.

O pesquisador Miguel Corte-Real levanta a dúvida se Tomé Afonso e sua esposa Isabel Gonçalves seriam ou não os primitivos fundadores, se apenas reedificadores, ou mesmo apenas padroeiros mais modernos da ermida.7 Conforme a sua pesquisa, de acordo com um documento na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada, no espólio Velho Arruda, é referido um Tomé Afonso, casado com Isabel Gonçalves, que, por volta de 1560 deixaram ambos parte de seus bens para a conservação da ermida.

Quando do assalto de piratas da Barbária em 1616, que se demoraram oito dias na ilha e dela levaram 222 pessoas, as suas reduzidas dimensões e despojamento terão feito com que passasse despercebida, fato que Frei Agostinho de Monte Alverne, em fins do século XVII, credita a um milagre da Virgem:
"(...) e somente não chegaram à Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, andando por cima de sua ladeira, sendo vistos das pessoas que dentro estavam, o que se crê que quis a bendita Senhora não vissem a sua igreja. (...)."

Foi reconstruída, com nova traça, de 1673-1674 a 1676. Em maio de 1675 procedeu-se à abertura do "caminho que vai pela rocha acima e o fizeram por sua devoção os devotos da Senhora pela dificuldade que havia para poderem descer à ermida" e que "em Setembro do mesmo ano se faz o calvário ou cruzeiro que está no cimo da rocha", junto ao Caminho Velho . A iniciativa da reconstrução deve-se a Frei Gonçalo de São José, que veio para o Convento de Nossa Senhora da Vitória em 1668-1669, sendo o principal obreiro da Irmandade dos Escravos da Cadeinha, confirmada em 1675 pelo Bispo de Angra, D. Frei Lourenço de Castro. Esta criação, em carácter devotivo, terá tido lugar após o ataque dos piratas de 1675.
Em 1826 era seu padroeiro o morgado Luís de Figueiredo Velho Melo Falcão. Ao final do século XIX sofreu obras que a restauraram (1893), conferindo-lhe a actual feição.

Júlio Cabral testemunha ter visto nesta ermida um missal "(...) velho mas bem conservado, que também se diz ser o mais antigo dos Açores (...)", mas cujo paradeiro, à época (1903), desconhecia. Do mesmo modo, com relação ao chicote com que os piratas terão fustigado os habitantes, o mesmo autor refere: "que existiu junto da Sacra, onde o vi, mas há anos desapareceu, supondo-se que foi destruído pelos devotos!"
Encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público pela Resolução nº 58, de 17 de maio de 2001.

A festa da padroeira ocorre, anualmente, a 21 de Agosto.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Convento de São Francisco (Angra do Heroísmo)





 Os primeiros franciscanos chegaram à Terceira por volta de 1456 e desde cedo trataram de edificar uma ermida e mais tarde, em 1470, um convento.

Esse primitivo conjunto (convento e ermida) foi demolido, dando lugar ao atual, maior e mais imponente. Em 1663, reunidos por Frei Naranjo os donativos necessários às obras, estas tiveram início. Três anos mais tarde, os dormitórios e as oficinas estavam concluídos e, a 6 de Março de 1666, era colocada solenemente a primeira pedra do novo templo.

A 1 de Outubro de 1672, concluídas as obras, procedia-se à bênção, pelo então bispo de Angra, D. Frei Lourenço de Castro, após procissão solene em que tomaram parte as autoridades civis, militares e eclesiásticas da ilha.

Aqui esteve hospedado António I de Portugal quando de sua estada na ilha.

Após a Revolução do Porto (1820), com a difusão das idéias de cunho liberalista no país e no arquipélago, aqui foram recolhidos, em 1823, quatro clérigos cinco frades e onze seculares, por professarem esses ideais. O grupo foi detido na Praia e conduzido sob escolta militar até Angra. Entraram no convento pela chamada "Porta dos Carros", uma vez que o adro se encontrava repleto de populares, armados com "ferros cortantes de toda a espécie", que tentavam linchar esses "pedreiros livres" e "sevandijas".

No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), em maio de 1829, a Junta Provisória acusou os franciscanos de serem "baluartes da infidelidade" e, em dezembro desse mesmo ano, o convento recebeu ordens para enviar todos os seus frades para a Praia (exceto três para os serviços religiosos), uma vez que as suas instalações eram requisitadas para aquartelar o Regimento Provisório de Infantaria, sob o comando do tenente-coronel Bartolomeu Salazar Moscoso.

Com a extinção das ordens religiosas em Portugal (1834), e a criação do Liceu de Angra do Heroísmo (1844), as suas dependências passaram a ser utilizadas por esta instituição, que, sob a direção do padre Jerónimo Emiliano de Andrade, foram instaladas no lado Oeste do edifício (voltado para o centro histórico da cidade). As aulas iniciaram-se em Outubro de 1851, entretanto ainda com sérias deficiências por falta de professores e de instalações adequadas.

Posteriormente, em 1862, no lado Este do edifício, foi inaugurado o Seminário Diocesano de Angra e, em 1864, instalado a primeira estação meteorológica da Terceira, na ala Noroeste (na subida para o Alto da Memória).

Em 1900 as instalações do Liceu de Angra foram transferidas para o Palácio Bettencourt, antigo Paço Episcopal, tendo retornado poucos anos mais tarde, em 1913, após a Implantação da República Portuguesa. Durante o Estado Novo Português o Liceu era simplesmente referido como "Liceu Nacional de Angra do Heroísmo", tendo sido transferido para um imóvel próprio no ano lectivo de 1968-1969.
Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 47 508, de 24 de janeiro de 1967, classificação consumida por inclusão no conjunto classificado da Zona Central da Cidade de Angra do Heroísmo, conforme a Resolução n.º 41/80, de 11 de Junho, e artigo 10.º e alínea a) do artigo 57.º do Decreto Legislativo Regional n.º 29/2004/A, de 24 de Agosto.
Atualmente, as dependências do convento são ocupadas pelo Museu de Angra do Heroísmo, que conserva algumas das pedras trabalhadas pertencentes ao primitivo conjunto.
A igreja é considerada panteão; nela se encontram sepultadas figuras notáveis como as de João Vaz Corte-Real e Paulo da Gama, irmão de Vasco da Gama. A sepultura de Paulo da Gama encontrava-se na primitiva Capela de Nossa Senhora da Guia, hoje desaparecida.

Em janeiro de 2102 foi concluída a restauração do órgão, construído em 1788 por António Xavier Machado e Cerveira com o número 22, e que se constitui no mais antigo deste construtor no arquipélago. Em muito mau estado de conservação, foi atingido pela derrocada parcial de um dos arcos do templo quando do terramoto de 1980, sendo desmontado em 1981. As obras ficaram a cargo de Dinarte Machado, com recursos da Direção Regional da Cultura. A recuperação deste órgão encerrou o restauro de todos os órgãos históricos de Angra do Heroísmo.

Características

O interior da igreja é amplo, dividido em três naves, com planta no formato de uma cruz cujo topo forma a capela-mor, também bastante espaçosa.
Sobre o pórtico da entrada eleva-se o magnífico coro do convento.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Igreja Matriz de S. Jorge (Nordeste) - ilha de São Miguel


Situada a nordeste da ilha de S. Miguel, na Lomba da Pedreira, a sua construção data de finais do século XVIII, pois pode ler-se na inscrição gravada em pedra na porta principal: "M. S. George 1796". É dividida em três naves, correspondendo a três grandes portas, cada uma encimada por uma janela. O frontispício é arrematado pelas insígnias do santo padroeiro: lança, elmo, espada e escudo.O templo original era uma das mais antigas igrejas micaelenses, erigida logo depois do início do povoamento do concelho, provavelmente no século XVI.

Destruída pelo terramoto de 1522, logo foi reconstruída graças aos sacrifícios do povo. Sucessivas degradações e reconstruções fizeram a história daquela que, em finais do século XVI, já tinha foros de igreja principal.

domingo, 4 de agosto de 2013

Igreja de São Mateus da Calheta



Após a destruição da Igreja Velha de São Mateus da Calheta pelo furacão de 1893, um novo templo foi erguido de raiz pela comunidade.

A primeira pedra da nova igreja paroquial foi lançada solenemente a 21 de Setembro de 1895 em um terreno doado por uma benfeitora, situado no coração do povoado, longe do mar e com fácil acesso a partir de toda a freguesia. O projeto foi de autoria de António Baía Paixão, funcionário das Obras Públicas de Angra, com o auxílio do padre Manuel Maria da Costa.

A obra era de vulto à época, já que, com 820 m² de área coberta, é o maior templo rural da Terceira e um dos maiores dos Açores. Por essa razão, não faltaram críticas à iniciativa dos seus promotores, críticas essas que se prolongaram por todo o período da construção e mesmo depois. Como exemplo, no periódico O Tempo, de Angra do Heroísmo, um artigo assinado por Gil Vaz louva a beleza da freguesia, mas afirma:
"A desmanchar a beleza da paisagem, um monstro de pedra ergue-se, colossal e preguiçoso, de entre a brancura de uma aldeia que se debruça no azul de uma calheta. É a nova igreja de S. Mateus. Aquele templo disforme e arrogante dá-me a impressão de um insulto às pequenas casinhas que o circundam, às classes trabalhadoras que as habitam.".

A mesma opinião é manifestada por Raul Brandão que em sua obra "Ilhas Desconhecidas" estranha o contraste entre a opulência da igreja e a pobreza da comunidade.

A igreja apenas ficou concluída em 1911, após um trágico acidente de trabalho ter custado a vida ao mestre que dirigia as obras. Para o custeio das obras, apesar de um subsídio de 1:000$000 réis concedido pelo Governo, foram necessários muitos peditórios entre a comunidade para se conseguir levantar os fundos necessários.

A mudança para o novo templo foi feita no Domingo do Bodo (Domingo de Pentecostes), em 4 de Junho de 1911, tendo a bênção solene sido feita pelo cónego António Maria Ferreira, protonotário apostólico "ad instar", ao tempo vigário capitular "sede vacante", já que à época, a dificuldade de relações entre o jovem regime republicano português e a Santa Sé não permitia a nomeação de bispos.
O custo da obra foi de 46:295$277 réis insulanos, estando quase toda paga à época. Os sinos só foram adquiridos em 1922, ano que a obra ficou verdadeiramente concluída.

Características

Dotada de sete altares, para adorná-la, foram empregadas imagens bastante mais antigas, como é o caso de uma de São Mateus que recua ao século XVI e outra da Virgem Maria que remonta ao século XVII, esta de autoria da Mestres da Sé de Angra.

O novo templo apresenta-se grandioso e imponente, com duas torres sineiras muito altas, que se avistam a grande distância quer do mar, quer de diversos pontos ao longo do Sudoeste da ilha, nomeadamente do Monte Brasil, da Baía de Villa Maria, do Miradouro das Veredas e outros.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Lomba da Maia) - Ilha de São Miguel





A Igreja de Nossa Senhora do Rosário da Lomba da Maia, sita na freguesia da Lomba da Maia, ilha de São Miguel, Açores, é um templo católico, sede da paróquia daquela localidade, construído no estilo barroco tardio micaelense entre 1867 e 1870.

O primeiro templo que existiu no lugar da Lomba da Maia foi a ermida de Nossa Senhora do Rosário, pequena ermida que foi sede do curato que antecedeu a elevação da localidade à dignidade de paróquia independente, o que ocorreu no ano de 1876. Quando, devido à distância à freguesia da Maia, a reivindicação de elevação a paróquia surgiu, a ermida foi considerada de dimensões demasiado reduzidas para servir a população local e sem a dignidade que possibilitasse a sua transformação em igreja paroquial. Logo se pensou em construir um novo templo que servisse de igreja paroquial, condição para a desejada autonomização.

A construção teve início no ano de 1868, concorrendo para ela todos os habitantes da Lomba da Maia com donativos recolhidas por ocasião de vários peditórios. Ainda assi, apesar das contribuições, as obras decorreram com morosidade por falta de recursos, o que levou o padre Manuel Moniz de Medeiros e o mestre José Fidalgo a hipotecarem parte dos seus bens para ir liquidando as despesas com mão-de-obra e materiais.

Concluídas as obras de construção, a igreja de Nossa Senhora do Rosário da Lomba da Maia passou a ter a feição actual, permitindo que em 1876 finalmente o lugar passasse a constituir uma freguesia.
A primitiva ermida de Nossa Senhora do Rosário passou a ter a invocarão de Santa Ana, sendo hoje a capela funerária da freguesia.

Na freguesia da Maia existiu também outrora uma ermida de Nossa Senhora do Rosário, referida por A igreja de Nossa Senhora do Rosário situa-se em terreno elevado, a sul da principal via que atravessa a localidade (a Estrada Regional), com a fachada principal voltada para norte frente à Rua da Igreja, o arruamento onde se situava a antiga igreja, hoje a Ermida de Santa Ana. Esta localização faz com que o acesso à igreja se faça por uma alta escadaria de degraus basálticos que ascende desde o nível da estrada. A igreja tem uma única torre sineira, no extremo oeste da fachada. As aberturas são rodeadas por um rebordo de basalto lavrado, no estilo típico da fase final do barroco da ilha de São Miguel.

No interior, as naves são separadas por um alinhamento de colunas basálticas, de perfil circular. No altar-mor está exposta uma imagem de Nossa Senhora do Rosário, em madeira pintada com coroa de prata, com cerca de 2 m de altura. Gaspar Frutuoso, mas que no fim do século XIX já não existia.

domingo, 14 de julho de 2013

Igreja Matriz de São Jorge, Nordeste, ilha de São Miguel



A Igreja Matriz de São Jorge (Nordeste) é um templo cristão português localizado no concelho do Nordeste, na ilha açoriana de São Miguel.

A primitiva igreja, sob invocação de S. Jorge, já existia antes de 1522, por ocasião do cataclismo que subverteu Vila Franca do Campo. O lugar era pobre e a sua reparação era difícil, conforme refere Gaspar Frutuoso.

Em 1796, iniciou-se a reconstrução do novo templo, dando-se-lhe a feição actual , pois assim se lê sobre a porta central: M.S. George 1796.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Igreja de São Miguel Arcanjo (Vila Franca do Campo)



A primitiva Igreja Matriz de Vila Franca foi instituída pelo próprio Infante D. Henrique, que ordenou a sua construção,1 tendo sido Rui Gonçalves da Câmara terceiro capitão do donatário da ilha, e seu primeiro residente, quem a edificou.

Foi parcialmente soterrada pelo terramoto de 1522 e, de acordo com a narrativa de Gaspar Frutuoso, foi logo reconstruída, para cujas obras foram reaproveitados materiais de construção da primitiva igreja, além de apoios do monarca. Os trabalhos mantiveram o mesmo tipo arquitectónico do templo, em estilo românico.

Em 1589, o cardeal-rei autorizou o lançamento de uma finta para o lajeamento da igreja e do adro e, em 1585, a Ordem de Cristo autorizou o douramento da sua capela-mor. No contexto da Dinastia Filipina, tendo Vila Franca do Campo sido atacada por corsários, o templo conserva no alçado da sua torre sineira voltado para o mar a marca do impacto de um projétil de artilharia, tendo abaixo dele sido inscrita a data do ataque: 1624, mesmo ano em que a Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais conquistou a cidade do Salvador, então capital do Estado do Brasil.

Durante os séculos XVII e XVIII os diversos corregedores e visitadores registam-lhe diversos reparos a fazer. No século XVII, contava com um realejo, o qual foi substituído mais tarde por um órgão.
O bispo da Diocese de Angra, D. Frei Valério do Sacramento determinou, em 1747, que o templo fosse aumentado em altura e que a torre, toda de basalto negro, igualmente fosse reparada.

No século XIX esta torre foi referida como "monumento fúnebre", reclamando-se para ela uma caiação.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Matriz da Ribeira Grande, Igreja de Nossa Senhora da Estrela, Ilha de São Miguel


Remonta a uma ermida sob a invocação de Nossa Senhora da Purificação, que existiu no local em fins do século XV. Em 4 de junho de 1507, dois meses antes da elevação da povoação a vila, deu-se início à construção de uma igreja matriz. Tendo como modelo a Igreja de São Miguel Arcanjo, em Vila Franca do Campo, a obra foi confiada ao mestre de obras biscaínho Juan de la Peña por 140 mil réis.

As obras foram concluídas em 1517, sob a invocação de Nossa Senhora da Estrela. Foi sagrada pelo bispo de Tânger, D. Duarte, que à época viera a São Miguel em delegação do bispo do Funchal. Na ocasião, foi depositada no altar-mor uma caixa com relíquias sagradas.

Os trabalhos de decoração prosseguiram pelo século XVI, sendo adquiridos painéis, retábulos e paramentos de grande valor artístico. O padre António Cordeiro refere-se a um altar aqui instituído por D. Mécia Pereira e seu marido, D. Gomes de Melo, que continha um painel dos Reis Magos, ainda hoje existente, e que deve datar de 1582, ignorando-se se terá sido executado na ilha ou trazido de fora.

Em 1581, quando foi sagrado o novo retábulo pelo bispo de Angra, D. Pedro de Castilho, foram juntas novas relíquias às já existentes, descritas em um pergaminho que ficou guardado na antiga caixa:
"Aos nove de abril eu, D. Pedro Castilho, Bispo de Angra, consagrei este altar à honra da virgem, Nossa Senhora do Loreto, e nele meti as suas relíquias; a saber: Uma pequena partícula de pau e uma pouca terra de sua casa do Loreto e um osso das onze mil virgens e um osso pequeno de S. Sebastião. (...)"

O templo foi abalado pelos terramotos de 1563, 1564, 1571, 1588 e 1591. Por volta de 1680 a derrocada da torre sineira destruiu uma das naves e arruinou as demais. O então vigário Hierónimo tavares chegou mesmo a cogitar a reedificação total, mas diante da dificuldade de recursos a mesma foi sendo adiada.
A 3 de maio de 1728 foram depositados na Igreja da Misericórdia, onde permaneceriam durante um período de oito anos em que durariam as obras, o Santíssimo Sacramento, imagens e objetos da Matriz.

Após a demolição do antigo templo, inciou-se a construção do atual, com projeto de Sousa Freire, então vigário da Ribeira Seca. Após o falecimento deste, as obras passaram a ser orientadas por Manuel de Vascocelos. Os trabalhos prolongaram-se até 1736, com o contributo das esmolas da população.
Em 5 de setembro de 1834, o teto do templo desabou, tendo sido reconstruído a expensas da Junta da paróquia.

Em 1862, o prior Jacinto do Amaral mandou restaurar as talhas de toda a igreja, tendo encomendado paramentos, imagens e pratas artísticas.

Aqui assistiu como vigário, de 15 de agosto de 1565, data da sua posse, até 1591, ano do seu falecimento, o padre Dr. Gaspar Frutuoso, que chegou transferido da Igreja Matriz de Santa Cruz da Vila da Lagoa. Aqui, nos últimos anos de sua vida, redigiu a crónica que o imortalizou, as "Saudades da Terra". Os seus restos mortais aqui estiveram depositados por séculos até serem transferidos para o cemitério da vila.
Encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público.

domingo, 23 de junho de 2013


A Igreja de S. Nicolau - Sete cidades - Ilha de São Miguel



A Igreja de S. Nicolau, de estilo neogótico, foi construída no século XIX, passando a ser sede de curato e de paróquia, na segunda metade do século XX.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Capela de Nossa Senhora das Vitórias - Furnas - Ilha de São Miguel



A Capela de Nossa Senhora das Vitórias localiza-se nas Furnas, na ilha de São Miguel, nos Açores. É considerada como um dos mais ricos e originais templos do arquipélago.


Foi mandada erguer por José do Canto, em consequência de um voto formulado por ocasião de uma doença grave de sua esposa. O seu testamento, escrito em 27 de Junho de 1862, reza:

“ Tendo feito, durante a maior gravidade da moléstia de minha esposa, em 1854, o voto de edificar uma pequena capela da invocação de Nossa Senhora das Vitórias, e não havendo realizado ainda o meu propósito por circunstâncias alheias à minha vontade, ordeno que se faça a dita edificação, no caso que ao tempo da minha morte não esteja feita, no sítio que havia escolhido, junto da Lagoa das Furnas, com aquela decência, e boa disposição em que eu, se vivo fora, a teria edificado ”

A ermida foi levantada ainda em vida de José do Canto, do que resultou que a mesma ficasse a constituir uma pequena maravilha artística, em estilo neo-gótico, imitando as grandes catedrais europeias. A obra de cantaria foi executada por pedreiros micaelenses sob a chefia do Mestre António de Sousa Redemoinho, de Vila Franca do Campo. A capela ficou muitíssimo valorizada com riquíssimos vitrais.

Foi inaugurada solenemente no dia 15 de agosto de 1886, ainda em vida de José do Canto, referindo-se os jornais do tempo, a essa festa, em termos elogiosos. A imagem do altar-mor é feita de jaspe e os vitrais que circundam o templo evocam passos da vida de Nossa Senhora desde o nascimento à assumpção.

A Capela de Nossa Senhora das Vitórias foi construída nas imediações da casa de veraneio de José do Canto, que nela se encontra sepultado com sua esposa.

Encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público pela Resolução n.º 187/98, de 6 de Agosto e pela Resolução n.º 56/2001, de 17 de Maio

sábado, 15 de junho de 2013

Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe – Ilha Graciosa



A primitiva igreja desta freguesia foi fundada no século XVII pelo capitão Domingos Pires da Covilhã. De pequenas dimensões, foi decidida a construção de um novo templo, mais amplo, e em local acessível.

Autorizada a obra em 1713, os caboucos começaram a abrir-se no dia 15 de maio, tendo a primeira pedra sido colocada e benzida no dia 22. 

No dia 1 de Setembro de 1754 começaram as obras do corpo da igreja. No dia 1 de Agosto de 1756 foi benzida solenemente e, no dia 5, transladaram-se o Santíssimo Sacramento e as demais imagens do antigo templo. As obras foram custeadas pela população da freguesia, sendo grandemente animadas pelo padre João Ávila.2 A grande demora na sua edificação justifica-se pelas crises sísmicas ocorridas no período, com destaque para o grande terramoto de 1717.

Foi restaurado em nossos dias por acção do Governo Regional dos Açores ao custo de 42.408 euros, dado o seu valor cultural e uma vez que a paróquia não possuía os meios necessários para o fazer.
A primeira tentativa foi promovida no ano de 1989, em pouco tempo interrompida devido à extensão dos danos anteriormente causados pelo terramoto 1 de Janeiro de 1980 e uma vez que o a verba destinada ao restauro do órgão ter sido consumida nas obras de restauro do templo. A restauração só seria concluída duas décadas depois, em 2010.

A festa do orago realiza-se anualmente no primeiro domingo de Agosto.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Igreja Matriz de São Jorge


A Igreja Matriz de São Jorge é uma igreja católica portuguesa localizada em Velas, na ilha açoriana de São Jorge.
Esta igreja foi levantada no local onde dantes existia a primitiva igreja de São Jorge de que fala o testamento do Infante D. Henrique, e que datava de 1460.

A licença para a sua construção foi requerida pelo padre Baltazar Dias Teixeira, e concedida por D. Afonso VI, por alvará de 23 de Abril de 1659. Para esse efeito, em Outubro de 1660 a Câmara Municipal de Velas teve de lançar uma finta anual a começar no ano seguinte.

Todavia, só em 1664 a obra da edificação principiou, sendo arquitecto da mesma o pedreiro Francisco Rodrigues. A construção decorreu normalmente, sendo a igreja sagrada em Fevereiro de 1675, pelo então bispo de Angra do Heroísmo, D. Lourenço de Castro.

A actual fachada já não é a mesma de então. No seu interior, composto por três naves, são dignos de nota o retábulo da capela-mor que, segundo a opinião do Dr. João Teixeira Sousa, parece ter sido o que D. Sebastião ofereceu à vila, e a que se refere a vereação de 12 de Agosto de 1570.
Destaca-se também o altar lateral com abóbada de caixotões, tendo no centro a figuração do Santíssimo Sacramento lavrada na cantaria basáltica e dois púlpitos em pedra, com escada. No coro alto, encontra-se um órgão de tubos construído em 1865 por Tomé Gregório de Lacerda, tio do famoso compositor Francisco de Lacerda.

Quando aquele bispo esteve na ilha para a sagração do templo, a artilharia dos Fortes das Velas gastaram em salvas, à entrada e à saída 110 libras (medidas da altuta) de pólvora. A construção da torre decorreu em 1825, segundo Avelar, nela se colocando três sinos que, em 1831, foram apeados para fazer moeda na Ilha Terceira. O sino grande que foi posto em 1871 pesava 468,700 quilos.
Esta igreja matriz possuía várias confrarias que mais tarde seriam extintas. Em 1902 a única confraria ali existente era do Santíssimo Sacramento, erecta em 1793, e que tinha a seu cargo as festividades ligadas com a procissão do Corpo de Cristo e as cerimónias das doenças.

Esta igreja tem vaios vitrais contemporâneos, testemunhando a lenda de São Jorge a matar o dragão.

quinta-feira, 6 de junho de 2013


Igreja São Francisco - ilha do Faial


A bela Igreja e Convento de São Francisco situa-se no maravilhoso centro histórico da bela cidade da Horta, na Ilha do Faial, Arquipélago dos Açores, albergando igualmente o Museu de Arte Sacra, na anexa Capela do Senhor dos Passos.
Fundado em 1522, o Convento de São Francisco foi muito destruído aquando o incêndio provocado por Corsários em 1597, procedendo-se à sua reconstrução e posterior destruição com uma intempérie.

Foi já no final do século XVII, em 1696 que se procede à construção do templo actual, nesta localização, num estilo Maneirista e diversos elementos Barrocos, nomeadamente no interior.

Grande parte do Convento ficou destruído aquando um violento incêndio em 1899, salvando-se a Igreja.
A Igreja caracteriza-se pelas suas três naves e torre sineira do lado esquerdo, organizando-se a fachada em quatro níveis.

O seu interior alberga um rico espólio, de onde se destacam Talha Dourada e Azulejos setecentistas, e também importantes Imagens e Telas.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Igreja de Nossa Senhora da Purificação - Vila do Porto - Santa Maria




Sob a invocação de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da vila, data do início do século XV, constituindo-se numa das igrejas mais antigas do arquipélago. É largamente referida por Gaspar Frutuoso e, modernamente, a sua história encontra-se em trabalho do Dr. Manuel Monteiro Velho Arruda.2 Foi cabeça da Comenda de Nossa Senhora da Assunção.

Foram seus benfeitores João Tomé, o "Amo" e o Ouvidor Rui Fernandes, escudeiros do capitão do donatário e vereadores da municipalidade, nomeados por Gaspar Frutuoso como "lavradores e homens principais da terra". As suas obras foram iniciadas em 1439, a cargo do pedreiro Estevão Ponte e do carpinteiro João Roiz (Rodrigues). Frutuoso informa que o primeiro arrematou a obra por trezentos mil-réis, e Roiz, de Vila Franca do Campo, terá recebido "de noventa a cem mil-réis". Primitivamente a igreja só dispunha de uma porta no frontespicio. Em meados  do século XVI já possuía sete confrarias. Frutuoso assim a descreveu:

"A igreja principal é da invocação da Assunção de Nossa Senhora (por se achar no mesmo dia a Ilha), de naves, com quatro pilares em vão, e muito bem assombrada, com um Altar do apóstolo São Matias, que é o padroeiro de toda a Ilha, da banda do evangelho, e outro de Nossa Senhora do Rosário, da parte da epístola. Tem também duas capelas, uma da banda do sul, que mandou fazer Duarte Nunes Velho, com altar de Jesus; a outra, de Rui Fernandes de Alpoim, com o altar de Santa Catarina."

Por determinação de Filipe II de Portugal, o exclusivo do púlpito desta igreja foi dado aos franciscanos da vila. O pregador do Convento da Igreja de Nossa Senhora da Vitória tinha a obrigação de fazer 24 sermões por ano naquele púlpito, recebendo, por isso, três moios de trigo e 10$000 réis em espécie. O corpo eclesiástico de que dispunha era muito numeroso, recebendo bons proventos no século XVIII.

A igreja foi profanada e destruída por corsários franceses (agosto de 1576) e ingleses (1599), tendo sido incendiada por piratas da Barbária em 1616.7 Nesta última terá servido como mesquita. 

Foi reparada pela Câmara Municipal em 1630, mas faltaram, à época, recursos para a telha. 

Após vários apelos ao soberano, apenas em 1659 um pequeno auxilio foi conseguido. A imagem da Virgem foi devolvida ao seu nicho, ao centro do altar-mor em 1674, por iniciativa do então bispo da Diocese de Angra, D. Lourenço de Castro.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Igreja de São Salvador (Horta)



A Igreja Matriz de São Salvador localiza-se na freguesia da Matriz, na cidade e concelho da Horta, na ilha do Faial, nos Açores. Pertenceu, outrora, ao Colégio dos Jesuítas da Horta.

A sua construção deveu-se à intervenção do padre Luís Lopes, primeiro reitor do Colégio dos Jesuíta de Ponta Delgada que, em 1635, foi forçado por um temporal a aportar ao Faial, quando se dirigia à ilha de São Miguel. O fato vem narrado na obra do padre António Franco publicada em 1720, onde também se regista que o Colégio dos Jesuítas da Horta foi erguido a expensas de Francisco de Utra de Quadros e de sua esposa, Isabel da Silveira.

De acordo com o historiador faialense António Lourenço da Silveira Macedo esta igreja, sob a invocação de São Salvador, começou a ser construída em 1680, dois anos depois de se conseguir a provisão-régia que permitiu a importação de todo o material necessário. As obras do convento começariam apenas em 1719.

No contexto da expulsão dos jesuítas do reino de Portugal (1759), à data da saída destes religiosos do Faial (1 de agosto de 1760) a igreja ainda não estava concluída. Nela já encontravam, entretanto, a talha dourada do altar-mor, a riquíssima capela da Senhora da Boa Morte, com as suas telas, os painéis de azulejos da capela-mor, a grande lâmpada de prata, o sumptuoso arcaz de pau-santo na sacristia, a custódia de bronze prateado, a estante giratória do coro, com finos embutidos de marfim representando passagens do Evangelho, o frontal de prata em estilo renascentista do antigo altar do Santíssimo, e diversas outras preciosidades, que hoje constituem o seu espólio.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Igreja do Colégio - Ponta Delgada




A Igreja de Todos-os-Santos, melhor conhecida como Igreja do Colégio dos Jesuítas de Ponta Delgada, localiza-se no centro histórico da cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores.

O lançamento da pedra fundamental do primitivo templo, ocorreu em 1 de Dezembro de 1592, dia de Todos-os-Santos pelo calendário católico então em voga, na presença do governador, Gonçalo Vaz Coutinho.

Juntamente com o templo, deu-se início ao convento anexo, pelos religiosos da Companhia de Jesus, que ali estabeleceriam o seu Colégio na cidade. Ordinariamente, residiam no convento de 10 a 16 religiosos ligados às funções docentes.

A igreja foi reconstruída na primeira metade do século XVII, quando adquiriu a actual fisionomia. Os trabalhos iniciaram-se em 1637, sendo o actual frontispício adoçado ao anterior. Entre 1643 e 1646 foi instalado o novo retábulo na capela-mor. A nova fachada foi concluída em 1666.

Nesta igreja pregou o padre António Vieira, por ocasião da festa da Santa Teresa de Jesus, no dia 15 de Outubro de 1654.

Com a expulsão da Companhia do reino de Portugal, à época Pombalina, o valioso recheio da igreja foi dispersado. Era na biblioteca do Colégio que se encontravam importantes documentos da história dos Açores, como por exemplo, o acervo de Gaspar Frutuoso, inclusive o manuscrito das Saudades da Terra.

Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 39 175, de 17 de Abril de 1953.

domingo, 12 de maio de 2013

Igreja de São Roque (Ilha do Pico)




A Igreja de São Roque é um templo católico português localizado na freguesia de São Roque do Pico, concelho de São Roque do Pico, na ilha açoriana do Pico.

Esta é a segunda igreja matriz da vila de São Roque do Pico, vila cuja criação remonta ao ano de 1542. A primitiva igreja data de tempo anterior a 1480, pois segundo diz Silveira Macedo nos registos paroquiais, consta que Rodrigo Alvares e sua mulher Isabel da Luz foram os fundadores da Capela do Bom Jesus na primitiva igreja, em 1480, instituindo, em seu testamento, um vinculo de suas terças. Todavia, Isabel da Luz, sobrevivendo a seu marido, acabaria por alterar aquela disposição.

Em 1714, quando começaram a construir o novo templo, o capitão Manuel F. de Melo, que era administrador daquele vínculo, foi obrigado pelo visitador eclesiástico a mandar reconstruir a referida capela no novo templo, o que cumpriu, enterrando-se nela desde então todos os administradores do mesmo vínculo.

Diz-se que a capela-mor, um primor de talha dourada, foi mandada construir pelo rei D. João V de Portugal, que para ela ofereceu uma lâmpada de prata.

Em 1871, o padre Marcelino de Oliveira Serpa reparou todos os altares. Consta ainda que os sinos foram oferta de um administrador do aludido vínculo.

Existe ainda neste templo um Ambão com embutidos de marfim, obra de um frade do Convento de São Francisco da cidade da Horta, semelhante à que se encontra na Sé Catedral de Angra do Heroísmo.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Igreja de São José - Ponta Delgada








A primitiva igreja no local, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, remonta ao século XVI e pertencia ao Mosteiro da Ordem de São Francisco.


O actual templo foi iniciado em 1709.


Encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto nº 39.175, de 17 de Abril de 1953.

O templo, de grandes dimensões, apresenta uma fachada simples mas imponente, dominada pela portada. O interior consiste de três naves com arcos pintados, com os altares decorados em talha dourada. Destacam-se ainda os painéis de azulejos datados do século XVIII (azuis e brancos).

Encontra-se decorado com estátuas dos séculos XVII e XVIII, de influência hispano-americana. Na sacristia destaca-se o mobiliário barroco em jacarandá.

Ao lado direito da Igreja encontra-se a Capela de Nossa Senhora das Dores, cujas janelas são consideradas um dos mais representativos exemplos do estilo barroco de São Miguel.

Eu - Myself


quarta-feira, 8 de maio de 2013

O Culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres



O culto ao Senhor Santo Cristo dos Milagres tomou impulso a partir dos séculos XVII e XVIII, dentro dos princípios adoptados pela Igreja Católica no Concílio de Trento, no sentido da defesa da importância do culto e da adoração de imagens, um dos princípios de divergência em relação à Reforma protestante.

Deve-se à irmã Teresa da Anunciada o actual culto ao Senhor Santo Cristo. Esta religiosa deu entrada no Convento da Esperança no século XVII, juntamente com uma sua irmã, Joana de Santo António. De origem nobre e de personalidade forte, a profunda devoção que a irmã Anunciada alimentava, e as suas características de santidade, fizeram com que fosse comumente tratada como "Madre", cargo que, na realidade, nunca desempenhou.

Desde que deu entrada no convento, Teresa da Anunciada adoptou uma atitude de profunda devoção e entrega à antiga imagem do "Ecce Homo", com a qual estabeleceu uma íntima relação e à qual chamava carinhosamente de "seu Senhor" e "seu Fidalgo".

As duas irmãs terão tido a sua atenção despertada, e terão despertado a da população em geral, para o carácter milagroso da imagem. Joana de Santo António, antes de ser transferida para o Convento de Santo André, terá alertado nomeadamente para o poder milagroso de uma estampa que cobria a abertura do peito da imagem.

Teresa da Anunciada não se poupou a esforços para engrandecer a imagem do "Ecce Homo", apelando à vassalagem e entrega por parte de todos à mesma. Embora com entraves por parte de uma abadessa do convento, conseguiu que se erigisse uma capela condigna para a imagem, assim como que a imagem fosse ornada com todas as insígnias próprias de majestade. 

Para esses fins, contou com as esmolas de inúmeros crentes em toda a ilha, do reino e mesmo das colónias, assim como o apoio da própria Coroa. Pedro II de Portugal, por alvará de 2 de Setembro de 1700, concedeu uma tença de 12.000 réis para manter constantemente acesa uma lâmpada de azeite diante do altar do Senhor Santo Cristo. Foi ainda a irmã Anunciada quem organizou e instituiu a procissão anual do Senhor Santo Cristo dos Milagres, com o apoio e a colaboração da população.

Na actualidade, quando das festas em honra do Senhor Santo Cristo, uma multidão acorre ao Campo de São Francisco e ao Convento da Esperança que, por esta altura, assumem o papel de santuário, numa manifestação de profunda devoção, fé e respeito. Além de se prestar homenagem à imagem do Senhor, são pagas as promessas feitas.

Ao longo do restante do ano, a imagem encontra-se guardada numa capela do convento, localizada em frente e em sentido oposto ao altar-mor da igreja, separada da nave por um gradeamento.

O Senhor Santo Cristo dos Milagres


O Senhor Santo Cristo dos Milagres, popularmente referido apenas como Senhor Santo Cristo ou Santo Cristo dos Milagres, é uma peça de arte sacra cultuada no Convento de Nossa Senhora da Esperança, na cidade e concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores.

Trata-se de uma imagem entalhada em madeira sob a forma de relicário/sacrário,1 de autor desconhecido, em estilo renascentista, representando o "Ecce Homo", isto é o episódio do martírio de Jesus Cristo em que este é apresentado à multidão, na varanda do Pretório, acabado de flagelar, de punhos atados e torso despido, com a coroa de espinhos e os ombros cobertos pelo manto púrpura.

O evento está narrado em Lucas 23:1-25, no episódio maior da Corte de Pilatos. O autor representou, com grande senso artístico, o contraste entre a violência infligida ao corpo de Cristo (matéria) e a serenidade do rosto, nomeadamente do olhar (espírito).

As festas em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres realizam-se nos dias em torno do quinto domingo após a Páscoa, dia em que se procede à grande procissão, terminando na quinta-feira da Ascensão. 

Constituem a maior e mais antiga devoção que se realiza no país, e que só encontra paralelo com a devoção popular expressa no Santuário da Mãe Soberana, em Loulé, e, a partir do século XX, nas celebrações em honra de Nossa Senhora de Fátima. A devoção atrai, anualmente, milhares de açorianos e seus descendentes, de todas as ilhas e do exterior, uma vez que é um momento escolhido por muitos emigrantes para visitarem a sua terra natal.


Antecedentes

A documentação disponível atribui ao Papa Paulo III (1534-1549) a oferta da imagem a religiosas que se terão deslocado a Roma no sentido de obter uma Bula pontifícia que as autorizasse a instalar o primeiro convento da ilha de São Miguel, na Caloura ou no Vale de Cabaços. Contudo, do confronto de diversos documentos levanta-se a hipótese de tal doação poder ser atribuída ao seu antecessor, o Papa Clemente VII (1523-1534).

Em virtude do Convento da Caloura, erguido sobre um rochedo à beira-mar, se encontrar demasiado exposto aos ataques de piratas e corsários, então abundantes nas águas do arquipélago, cedo as religiosas ter-se-ão transferido para outros estabelecimentos religiosos, entretanto constituídos na ilha: o Convento de Santo André, em Vila Franca do Campo, e o Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada. Entre as que a este último se dirigiram, refere-se o nome de Madre Inês de Santa Iria, uma religiosa oriunda da Galiza, que levou consigo a imagem do "Ecce Homo" (1541), que lá permanece até aos nossos dias.

Igreja do Senhor Santo Cristo - Ponta Delgada


A Igreja do Santo Cristo, ou de Nossa Senhora da Esperança , encontra-se integrada no conjunto conventual da Esperança, no coração da deslumbrante cidade de Ponta Delgada, na maravilhosa Ilha de São Miguel, no Arquipélago dos Açores.

O Convento e a Igreja datam do século XVI, tendo sofrido alterações posteriores nos séculos XVII e XVIII, albergando a famosa Imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, apresentando um fabuloso conjunto de adereços em ouro e pedras preciosas do século XVIII, e associada à maior festividade da cidade.

Diz-se que as primeiras freiras que habitaram o Convento trouxeram esta imagem, que terá sido ofertada pelo Papa Paulo III às freiras que foram a Roma solicitar a bula de instituição do Convento de Vale de Cabaços, cerca de 1530.

A Igreja apresenta um rico interior, profusamente decorado de talha dourada, pinturas de Manuel Pinheiro Moreira e azulejaria do século XVIII e outra mais recente.

O Convento da Esperança é também conhecido por ter sido no muro exterior da sua cerca, num banco de jardim assinalado por uma âncora, que em 1891 se suicidou o poeta Antero de Quental.

terça-feira, 7 de maio de 2013

eu ( Myself)


A origem da devoção à Senhora dos Milagres - Serreta - Ilha Terceira


A origem da devoção à Senhora dos Milagres na Serreta remonta aos finais do século XVII, quando o padre Isidro Fagundes Machado (1651–1701) se considerou vítima de injusta perseguição e se refugiou no local chamado Queimado, na região da actual Serreta. 

Ali, então um dos mais remotos trechos da ilha, ergueu, em cumprimento de um voto, uma pequena ermida, na qual colocou uma pequena imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus (a actual imagem de Nossa Senhora dos Milagres). Pedro de Merelim dá a seguinte versão da lenda que passou a rodear a origem do culto:

"Um padre velhinho, boa e santa alma, vendo-se em grande atribulação e desiludido do mundo, procurou um lugar ermo, onde, sem mais ninguém, se pudesse entregar à contemplação das verdades eternas.

Seduziu-o a Serreta, junta da rocha, a uma boa légua da igreja. Sítio tranquilo e pitoresco, paisagens de arvoredos e fragas, bem próprio para escutar as vozes da natureza entoando um hino à criação – e aí se quedou. Estaríamos no século XVI. 

Levava consigo uma pequena imagem da Virgem, para a qual, por suas mãos, imperitas no ofício, edificou tosca capelinha, na Canada das Vinhas, Queimado, em reconhecimento do milagre que lhe fizera de o livrar do perigo. E o minúsculo templo serviu-lhe também de abrigo. As preclaras virtudes do venerando sacerdote tiveram o condão de, ao lugar da Serreta, levar subido número de pessoas. 

Morto o humilde e solitário clérigo, a singela ermidinha ficou abandonada, breve se arruinando. Outra se ergueu em local diferente. E esta segunda, igualmente carecida de assistência, além de sujeita às irreverências de alguns pseudo-romeiros, não terá oferecido por muito tempo as condições indispensáveis ao culto, pelo que o prelado mandou recolher a imagem da Senhora dos Milagres à paroquial de Doze Ribeiras."

Neste novo domicílio, a fama da imagem continuou a atrair considerável devoção, passando a ser popularmente designada como Nossa Senhora dos Milagres em resultado dos milagres que eram atribuídos à sua intercessão.

Igreja de Nossa Senhora dos Milagres (Serreta)



O primeiro compromisso para a construção de uma igreja na Serreta data de 13 de Setembro de 1772, quando os irmãos da Confraria dos Escravos de Nossa Senhora se congregaram nas Doze Ribeiras, em casa do vice-vigário Miguel Coelho, para realizar a festa daquele ano. Assentaram na ocasião que se deveria proceder à reedificação da antiga ermida da Virgem, no lugar próprio da Serreta, ficando o padre Rogério José da Silva encarregue do património e os irmãos com a obrigação de contribuírem para a obra. Dando o exemplo, o então capitão-general dos Açores, D. Antão de Almada, abriu a subscrição doando 50$000 réis do seu bolso.

Contudo, apesar do voto solene e da presença de tão ilustres benfeitores, as obras da igreja não arrancaram e, em 1797, decorrido um quarto de século da formulação do voto, nada se fizera. Bernardino José de Sena Freitas afirma:

"Por motivos que nos são ignotos ainda vinte e cinco anos depois daquela deliberação não estava reedificada a ermida, conservando-se a imagem da Senhora dos Milagres na igreja de S. Jorge: e até parece que ou esta devoção esfriara, ou a solenidade esteve interrupta por alguns anos; pois no citado livro desta Irmandade não encontrámos assentos posteriores ao ano de 1782; até que no ano de 1797 se acha um outro voto, não só revalidando o primeiro para perpetuidade da festa anual, começada em 1764, mas obrigando-se os novos irmãos ao cumprimento do assento exarado em 1772, para que de feito se levantasse uma nova ermida na Serreta para nela ser venerada a Senhora dos Milagres."

Este novo fervor parece ter sido suscitado pelos ecos da Revolução Francesa e pela nascente ameaça napoleónica, que prenunciava um clima de guerra na Europa. A nível local, este enquadramento político traduzira-se na determinação para que o capitão-general dos Açores procedesse ao recrutamento de 5 000 jovens açorianos para reforçar o exército real, incumbindo-se desse destacamento o sargento-mor de artilharia da Corte Maximiliano Augusto Chermont. Este recrutamento, que espalhou o receio e a consternação nas ilhas, foi justificado pela rainha D. Maria I de Portugal, em carta datada de 31 de Outubro de 1796 e dirigida ao bispo e outras entidades oficiais, com a necessidade de "conservar ilesa a dignidade do meu real trono, e salvar os meus fiéis vassalos do risco, a que podem ficar sujeitas as suas vidas e propriedades". Entretanto, nem os temores da população e nem o envolvimento da nobreza angrense lograram o cumprimento do voto, e a construção da igreja da Serreta continuou por arrancar.

A obra apenas foi principiada em 1819, por iniciativa do general Francisco António de Araújo, então nomeado capitão-general dos Açores, que para além da devoção à Senhora dos Milagres se apercebeu que o crescimento populacional do lugar exigia templo próprio. Lançada solenemente a primeira pedra, as paredes começaram a ser erguidas, estando a obra em curso quando o mandato daquele capitão-general foi dado por terminado na sequência da nomeação de Francisco de Borja Garção Stockler e da Revolução Liberal do Porto (1820). A instabilidade política que se seguiu levou à paralisação da obra, que permaneceu inacabada durante todo o período da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).

Finalmente, depois de tantos contratempos, José Silvestre Ribeiro, administrador do recém-criado Distrito de Angra do Heroísmo, assumiu a necessidade de se concluir a nova igreja, reiniciando as obras, custeadas com donativos e as esmolas vindos de todos os recantos terceirenses.

O templo, o terceiro na Serreta consagrado à Senhora dos Milagres, ficou concluído em 1842, recebendo a imagem venerada após mais de um século de permanência na igreja de São Jorge das Doze Ribeiras. Para tal, José Silvestre Ribeiro oficiou ao cónego Manuel Correia de Ávila, ouvidor eclesiástico de Angra, para se proceder à abertura ao culto da nova igreja. Sem alçada para decidir, o ouvidor enviou o pedido ao bispo D. Frei Estêvão de Jesus Maria, então residente na ilha de São Miguel devido ao seu apoio aos miguelistas durante a guerra civil, que assentiu.

A bênção da nova igreja e a solene transladação da imagem realizaram-se a 10 de Setembro daquele mesmo ano. A cerimónia foi presidida pelo cónego Manuel Correia de Ávila. Segundo um testemunho da época, "Jamais no meio de tanto sossego e prazer se praticou um acto tão solene e tão pomposo. Milhares de pessoas concorreram de todas as partes da ilha àquele lugar". O ponto alto foi a celebração da primeira missa, "que vários curiosos cantaram a vozes e instrumentos", estando presentes o governador civil José Silvestre Ribeiro e demais autoridades e pessoas de representação.

O novo templo, localizado no largo onde hoje se situa o Império do Divino Espírito Santo da Serreta, do lado oposto da estrada em relação à actual igreja, era de proporções modestas, com fachada virada para leste (para terra) e torre à direita provida de dois sinos. No interior tinha uma só nave, duas sacristias e outras tantas tribunas, uma das quais à direita do altar-mor e outra sobre o guarda-vento.

Aberta a igreja, culto à Senhora dos Milagres cresceu rapidamente, passando a atrair à Serreta grande número de forasteiros, nos quais se incluía a melhor burguesia angrense, que, em carros de bois e carroças, se deslocava até à localidade, hospedando-se nas casas ali existentes. Em consequência, para além da vertente religiosa, as festas ganharam uma parte profana que, naturalmente, incluía uma toirada à corda. A primeira realizou-se na segunda-feira, 10 de Setembro de 1849, em complemento do programa religioso e por iniciativa do mordomo daquele ano, o fidalgo João Pereira Forjaz de Lacerda. A tradição das festas terem um mordomo da aristocracia angrense, que as fazia a expensas suas, no espírito do voto de Escravos de Nossa Senhora, perdurou pelo menos até ao ano de 1868, em que foi mordomo o morgado João de Bettencourt Correia e Ávila, depois 1.º visconde de Bettencourt.

Procissão da Serreta - Ilha Terceira

Romaria na ilha São Miguel, Açores

sábado, 4 de maio de 2013

Eu ( Myself )


Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe (Agualva)




A Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe localiza-se na freguesia da Agualva, concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira, nos Açores. Está compreendida no Inventário do Património Histórico e Religioso da Praia da Vitória.

O actual templo foi erguido no século XX, sobre outro, mais antigo, cuja data de fundação se afirma remontar a 1594. FRUTUOSO, entretanto, ao referir a rendição das forças francesas, na sequência da conquista e saque de Angra pelas forças Castelhanas no Verão de 1583, refere:

"Neste meio, os franceses, com seu geral, mossior de Xatra [sic], estavam a três léguas da cidade de Angra, atrincheirados nos moinhos da Agualva, na faldra daqueles matos acima da igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, em sítio forte, bem fortificado, onde tinham água e outras comodidades, (...)."


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Igreja de S. Sebastião de Ponta Delgada

Foi em Ponta Delgada, que D.Manuel I fez Vila em 1499 e D.João III elevou a cidade, por alvará de 2-4-1546, - por acto régio singular porque não era sede de bispado -, admitia-se, em 1515, a substituição da pequena Igreja situada no espaço mais amplo da Praça de então que, irregular, projecta faixa até ao edifício municipal, entre dois arruamentos. Iniciativa da Câmara Municipal, poucos e vagos são os documentos sobre a construção da nova Igreja paroquial, que é a Matriz evocada a S. Sebastião.

O risco da planta talvez tenha sido de um desconhecido mestre Lupedo, a quem coube a primeira empreitada da obra, para o qual enviou de Lisboa, próximo daquele ano, a pedraria calcária para os portais e colunas, assim como quem por ele os fosse aparelhando. Certo é que foram os canteiros reinóis irmãos Nicolau e André Fernandes os executantes daquelas estruturas, porventura também os responsáveis pelas demais cantarias da campanha original do edifício, cujo o ano de começo não é possível precisar.

Todavia sendo prática a construção de uma Igreja a partir da cabeceira, é admissível situar-lhe o principio próximo do ano 1530, antes porém, de 1533, data da nova empreitada arrematada por outros mestres, responsáveis pelos trabalhos de alvenaria e de carpintaria.

Para os paroquiais dos Açores, as despesas com as capelas-mores, sacristias, alfaias e outros objectos indispensáveis ao culto, eram de obrigação régia desde o reinado de D. Manuel (1495-1521) porque, sendo duque de Beja antes de subir ao trono tinha por herança henriquina do pai, o governo da Ordem de Cristo. Quanto ao corpo, elas corriam pelos paroquianos. Assim sendo, em 1532 D.João III encomendou os convenientes apetrechos liturgicos, concedeu verba, distribuída por quatro anos, para ajuda da obra e autorizou a Câmara da então Vila a aplicar na construção, a partir do ano seguinte e até 1545 – ano de conclusão desta Igreja -, parte do rendimento da imposição que cobrasse.

A arquitectura desta Igreja Matriz de S Sebastião de Ponta Delgada, realizada no referido período do reinado Joanino e actualmente possível de observar e admitir – por entre acrescentos e alterações – foi de cabeceira de três capelas quadrangulares diferentemente escalonadas, em que a capela-mor comunicava com as suas laterais através de amplo vão de volta perfeita suportada por colunelos. De moldura basáltica, estrutural e decorativamente diferentes, o par foi aberto no que constitui o cruzeiro do falso transepto contido nos limites dos absidiolos correspondentes à capelas do Santíssimo e à capela da Senhora do Rosário.

É por esse espaço transversal, assim inscrito que esta paroquial de S Sebastião – com a sua congénere da Terceira –pode ser admitida de planta em cruz latina, com corpo rectangular dividido em três naves e sete tramos por oito pares de colunas, cujos os fustes cilíndricos, talhados em pedra lioz e assentes em bases de mármore emolduradas inferiormente, foram rematados por capitéis de forma campanulada invertida, do mesmo material, com decoração classicizante. São suporte da arcaria plena sobre que se eleva, acima das naves laterais o segundo plano da central, rasgado por cinco pares de frestas. Irregulares relativamente aos cânones tradicionais de posicionamento, as do lado sul têm motivos decorativos góticos exteriores, de pedra local; moldura clássica as do alçado oposto. No tempo desta campanha de obras, houve encomendadores particulares que foram autorizados a construir capelas profundas nas naves laterais, para prestígio familiar permanente.

Na do norte, a que hoje é evocada a S Pedro, cujo o espaço tem porta para a primeira sacristia de encargo régio. Na do Sul, a sua fronteira dedicada ao Coração de Jesus, ambas abrindo para o tramo que entesta com o falso transepto. No interior assim admitido – e possível de comprovar – a Matriz de Ponta Delgada teve o corpo com cobertura de madeira. Foi prática comum nacional, que do Gótico severo medieval teve persistência quinhentista, em contraste com a complexidade do sistema estrutural e decorativo aplicado às cabeceiras. Ainda visível na Capela mor, cujo o arco cruzeiro – como os vãos das suas laterais – foi aberto na largura da respectiva nave, é de abóbada rebaixada de pedra, em dois panos arteseados com nervuras de desenho duplo estrelado de quatro pontas e quadrifólios centrais ao jeito de trevo de quatro folhas, de que os feixes segmentares – independentes dos tramos, com arcos formeiros quebrados nos alçados – rompem de mísulas (há pouco renovadas). Por complemento decorativo e funcional, teve florões no eixo principal e bocetos nos cruzamentos artesoados (também refeitos não há muito).

Por coerência, os absidíolos terão sido parte do mesmo tipo de abóbadas, de que nenhum vestígio nos chegou mas que logrou manter-se nas ditas capelas de fundação particular. Nelas a recuperação dos arcos exteriores trilobados e suas arquivoltas, apoiadas por colunelos assentes em envasamentos de composição geométricas, com intradorso de floralismos, visivelmente massacrados, não sendo modelo de interpretação correcta das formas nem do restaura executado, foi, contudo, acto de cultura e defesa, patrimonial do actual pároco, alargado quanto possível a outros espaços e estruturas: abóbadas também rebaixadas, mas de um só pano artesoado e nervuradas em composição de tratamento escultórico distinto. Libertos dos adventícios revestimentos de madeira e gessos pintados, com pequenas douraduras, que na segunda parte do século XIX as abastardaram, estas capelas afirmam-se informativas do que foi o vocabulário decorativo interior em articulação com a gramática arquitectónica original desta Igreja de S Sebastião de P Delgada.

Quanto ao exterior quinhentista, é possível que o frontispício tivesse sido rematado em empena de bico unificador das três naves. Tipologicamente afim, nomeadamente do da alentejana S João de Moura (1502-1510) ou do das Ribatejanas Matriz da Golegã (1513-1520) e Senhora da Marvila, em Santarém, foi de um só portal, virado para poente; outro, em cada alçado lateral do corpo. De mármore o principal e o do lado sul, ao do norte coube o basalto. Para iluminação, a frontaria terá tido três óculos, ao nível das respectivas naves. Em 1545, é possível que já estivesse edificada, ou quase, a torre do relógio, adjacente ao alçado norte da abside, obra determinada dois anos antes, ao custo de 30$000 réis, enquanto a dos sinos, anexa à extrema sul do frontispício, de secção quadrada e calabre de pedra a demarcar a áerea sineira, com eirado de balaústres arrestados por remate, foi obra da responsabilidade de diversos mestres pedreiros e várias vezes interrompida, só sendo concluída cerca de 1624, em tempo do rei Filipe II de Portugal, III de Espanha.

A janela de saída, manietada por coluneto toscano, aberta na face sul desta alta torre e encimada pelas armas reais coroadas, é documento esclarecedor de se estar sob gosto estético maneirista. É que o programa da Matriz de Ponta Delgada, executado a partir de finais do primeiro terço do século XVI e até antes que findassem os meados, pela simplificação da planta, organização da cabeceira e do corpo, volumetria das massas, sistemas de cobertura, iluminação e decorativismo integra-se na evolução dominante das Igrejas nacionais de três naves – com progenitura nos cânones góticos das mendicantes – construídas a partir dos começos do reinado de D Manuel I e até grande parte do de D João III, ainda que neste já em coexistência e com a ceitação de formulário arquitectónico do Renascimento Italiano.

É, pois espacial e estruturalmente arquitectura do Gótico final nacionalizado, em que por isso mesmo, no interior, a maior elevação da nave central não anulou valor de horizontalidade, favorecido pelas proporções e arcaria do primeiro nível, também pelo rebaixamento de abóbadas. A composição da cobertura interior da capela mor lembra o modelo realizado na da catedral de Braga (1509); as outras citadas, nas suas variantes são abóbadas comuns a numerosas Igrejas portuguesas, com extensão às Ilhas: a de S Pedro, por exemplo, identifica-se com o desenho da capela-mor da matriz de Azambuja e da S João da Cruz, em Coimbra; já em território Castelhano é visível no claustro de S Estêvão de Salamanca. A do coração de Jesus tem presença na da Vila da Ega (Distrito de Coimbra), no coro alto da Igreja do Convento de Cristo em Tomar, nos absidíolos e capelas laterais da paroquial de S Sebastião da Terceira, sem que se esgotem os exemplares conhecidos.

Contudo, é nos portais quinhentistas que o Manuelino tem a sua expressão mais elaborada e exuberante, pela diversidade, de estruturas e temas decorativos de proveniência vária. No do frontispício – central actual -, o amplo vão de arco abatido tem desenho , até ao intradorso, de hexágonos túrgidos, ao modo de entrelaçados angulosos pela sobreposição de três colunelos, motivo decorativo com referente no pórtico monumental e janelas da fachada sul da Igreja conventual de Santa Maria de Belém, de Lisboa.

Os contrafortes assentes em envasamento de geometrismo compósito, que se elevam como agulhas de esguios pináculos góticos flamejantes muito acima de estreito nicho renascentista, são os limites de toda a composição. Desenvolvida em profundidade, a justaposição de dois colunelos define-lhe trióbolo superior, de que o arco médio, em querena lanceolada, se destaca dos segmentos de arco pleno terminados por estilizada maçaroca de milho.

Em contraponto, adoça-se ao alçado a irradiação de elementos ornados de vegetalismos esculpidos, também de tradição gótica. Naturalismo de troncos nodosos serve ao conipial topo de outros nichos que abrigam o baixo relevo de anjos apresentando folha desenrolada que tem desenvolvimento sob forma de fustes torsos, de que rompem botões floridos, e são suporte de mais nichos de adopção renascentista. Situando-se à sombra do trilóbulo, temas decorativos de fonte tardo-gótica internacionalizada informam ainda o pórtico principal: anjos alados esvoaçantes, sem a presença de estátua do santo padroeiro, lembrando, porém, por iconografia heráldica, no tímpano oposto ao que tem a pedra de armas reais Joanina. De outro apuro é o portal transversal sul. Mainelado pela elegância de coluna gótica espiralada, arco abatido, de moldura repetida, unifica os dois vãos de volta perfeita que cobrem trióbolo.

Pares de colunelos clássicos laterais, a que os interiores dão continuidade às arquivoltas, definem intercolúnios e intradorsos com ritmo continuo de relevos renascentistas, plateresca mente esculpidos, onde há figuras exóticas, jarros bojudos floridos e mais motivos diversos. Um par de medalhões, lado a lado, são figurações retratistas de homem e mulher de alta estripe, em bustos de alto relevo e iconologia controversa, ainda que se possa admitir representação das pessoas régias contemporâneas da edificação da Igreja. Por sobreposição de elementos do mesmo tipo, o seu remate lembra o de portal principal, assim como os contrafortes que o demarcam. Menos animada foi a organização do da fachada norte, a que não coube o mármore dos atrás referidos, mas tão-somente a pedra escura local. Nem por isso deixa de ser harmonioso, na simplificação que ele toma da parte exterior do portal de D Duarte, no mosteiro da Batalha, atribuído a Mateus Fernandes e datável de 1509. Em datas desconhecidas, mas previsivelmente depois de meados do século XVI, foram introduzidas duas capelas, a primeira das quais, no tramo anterior à de S Pedro e, fronteira a ela, na nave sul, a que contemporaneamente teve dedicação ao Senhor dos passos e antes fora dedicada à Senhora da Glória ou da Assunção, por decisão testamentária de 1572, com vista a nela o encomendador ser sepultado, com lápide de pedra e brasão de família gravado, o que no seu espaço já não existe.

Ambas já foram recuperadas dos revestimentos chinfrins oitocentistas, permitindo conhecer; Na da nave norte, o arco de volta inteira do seu acesso, assim como abobada de cruzaria estrelada quadrangular e angulosa, de desenho afim, nomeadamente, do da capela-mor da matriz de Góis e da Igreja de S Marcos (Distrito de Coimbra). Na sua oposta, espacial e estruturalmente renascentista, o mesmo tipo de arco mas sobre pilastras com capiteis de lombo arredondado; a cúpula de semiesférica reticulada elevando-se de tambor oitavado, com pendentes em cada ângulo do plano cúbico e lanternim rasgado de frestas emergindo do cento. Um outro acrescento, mais tardio, foi no tramo da nave norte, sob o coro, a capela das almas, que antigamente servia de baptistério em tempos não distantes, com pilastras, extradorso e intradorso do arco redondo compartimentados por almofadas de pedra. Por isso e pela cúpula de quatro panos arestados exteriormente, com lanternim cego e cruz sobreposta que a distingue será, porventura, de um século XVII avançado, em que no ano de 1670 o adro da Igreja foi finalmente murado no lado sul, com nove dependências. Aludiu-se, já, ter havido intervenções no século XVIII.

De entre elas, a sacristia de há muito em mau estado de conservação, foi em 1722 a 26 reconstruída e, pouco depois, renovada de paramentos e alfaias, aplicando-se-lhe nas paredes painéis de azulejos, que antes da capela mor já recebera e que o século XIX deu sumiço. Foi tempo de introdução de talha barroca. Em estilo nacional o retábulo principal e ao gosto Joanino, a que o entalhador André de Fontes executou para decoração do arco cruzeiro, cuja a ultima prestação lhe foi paga em 1750. Entretanto arruinada que estava a torre do relógio, o Munícipe não entendeu melhor solução, senão determinar, em 1723, a sua demolição. Um modo de ver assim o património que vulnerou esta Igreja Matriz quinhentista que infelizmente teve continuidade em mais desatinos. De modo particular, a decisão do visitador, de 1726, de um novo frontispício e elevação dos alçados laterais até ao nível da nave central, acções sobre que insistiu o de 1729, acrescidas de outras que vitimaram os tectos da cabeceira e das naves.

Em síntese, telhado de águas no corpo da Igreja, com emparedamento das frestas, substituídas por feias janelas, o que na década de 1960 voltou à organização primitiva, mantendo-se no entanto, a frontaria setecentista. Esquema, no tempo, de arcaizante retábulo maneirista, introduziram-lhe, porém, portais de moldura barroca, ladeando o pórtico manuelino, janelas com colunelos de aproximação pseudo-salomónica e aletas contracurvadas e espiraladas a debruar o remate superior. Assim afirma-se a obra híbrida, em que a pretendida animação barroca, aplicada à justaposição caligráfica dos espaços repartidos e chãos, se mistura, igualmente com a gramática e vocabulário estrutural e decorativo do pórtico original. Esta infeliz campanha de obras, quando reinava D João V, consumou-se assim na descaracterização arquitectónica manuelina na maior cidade açoriana. No século XIX constitucional, a partir da década de 1870 e até entrada a centúria seguinte, notáveis membros da confraria do Santíssimo, acordados com a Juntas de Paróquia de então, teceram o que chamaram plano de melhoramento e reparo, principalmente para embelezamento interior.

Abundam madeiramentos e engessaduras pintadas e douradas, marmorizações e quejandos emblemas de gosto chinfrim desta elite social. Das atrocidades cometidas e ainda presentes, o realce cabe ao revestimento da pedra lioz, com que foram aparelhadas as colunas que dividem as naves, por gesso com pintura imitando mármore nos fustes, alargado aos arcos que nelas se apoiam. Já em 1895, empoleiram-lhe o actual corpo de relógio, com ele acentuando-se a desmedida da altura da torre sineira. O epílogo chegou-lhe com a destruição – precedendo a visita régia de Julho de 1901 – do adro, com suas nove dependências abobadadas, em troca da anódina escadaria que actualmente se apresenta. Este acto foi de par com a demolição dos açougues quinhentistas ritmados de arcada, com platibanda, que cerrava a Praça desde as Portas da Cidade, quando elas cumpriam a função de entrada a quem desembarcava no chamado cais da terra.